Amizade sincera.

Amizade sincera.
Pq cm ela eu sei que sempre posso contar.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Procurando novos caminhos: 1968-1970

Esse foi um período de experimentações musicais da banda. Cada um dos integrantes do Pink Floyd - Gilmour, Waters e Wright - contribuía com canções que tinham sua própria sonoridade e voz, o que resultava num material menos consistente e coeso que o da era Barrett, quando o som era mais trabalhado. Se anteriormente Barrett era a voz e o compositor principal, agora Gilmour, Waters e Wright dividem composições de letras e vozes principais. Geralmente, Waters escrevia canções mais lentas, com melodias de Jazz, linhas de baixos complexas e dominantes, e letras simbólicas; Gilmour focava-se em jams de blues levadas pela guitarra; e Wright preferia melodias pesadas psicodélicas de teclado. Diferente de Waters, Gilmour e Wright preferiam faixas que tinham letras simples ou que fossem puramente instrumentais. Alguns números músicais mais experimentais da banda são desse período, como "A Sauceful of Secrets", contendo bastante barulhos, feedback (realimentação), percussões, osciladores, loops; e "Careful with That Axe, Eugene" (que foi chamada por vários outros nomes também), uma faixa levada por Waters, com baixo e um pesado improviso de teclado, culminando em uma bateria forte, e gritos de Waters.

Enquanto Barrett escreveu praticamente todo o primeiro álbum, nesse álbum ele participa das composições com "Jugband Blues". Barrett também tocou nas faixas "Remember A Day" (gravada durante as sessões do The Piper) e "Set The Controls For The Heart Of The Sun" (a única faixa que apresenta Barrett e Gilmour dividindo as guitarras). "A Saucerful of Secrets" foi lançado em junho de 1968, alcançando número 9 das paradas do Reino Unido e se tornando o único álbum do Pink Floyd que não apareceu nas paradas dos EUA. De algum jeito, apesar da saída de Barrett, o álbum ainda contém bastante da sonoridade psicodélica combinada com mais música experimental que seria amplamente mostrada em Ummagumma. A faixa principal, A Saucerful of Secrets, com doze minutos de duração, chegou ao estilo épico de duração que composições futuras chegariam. Se o álbum foi mal recebido pelos críticos da época, muitos críticos de hoje tendem a ser mais leves nas críticas dentro do contexto da carreira do Pink Floyd.

O Pink Floyd foi recrutado pelo diretor Barbet Schroeder para produzir uma trilha sonora para um filme seu, "More", que estreou em maio de 1969. A obra foi lançada como um álbum do Floyd em seu próprio direito, Music From the Film More (também chamado simplesmente como "More"), alcançando o nono lugar das paradas do Reino Unido e chegando ao 153º lugar das paradas dos EUA em 1969. Críticos tendem a achar o conjunto da música para o filme como remendada e desigual. A banda usaria isso e sessões de trilha sonoras futuras para produzir trabalhos que não se encaixavam na idéia do que deveria aparecer em um álbum do Pink Floyd; a maioria das faixas do "More" foram canções folk, acústicas. Duas dessas canções, "Green Is the Colour" e "Cymbaline", se tornaram comuns em repertórios da banda por um tempo e também parte do suite "The Man & The Journey", como pode ser ouvido em muitas gravações de bootlegs desse período. "Cymbaline" também foi a primeira canção do Pink Floyd a lidar com a atitude cínica de Waters contra a indústria fonográfica explicitamente. O resto do álbum consiste em canções incidentais de vanguarda da trilha (algumas dessas também fizeram parte do concerto The Man/The Journey) e algumas faixas de rock mais pesadas jogadas no meio, como "The Nile Song".

O próximo álbum, o quadruplo Ummagumma, foi uma mistura de gravações ao vivo e experimentações de estúdio dos membros, em que cada um gravou metade do lado do vinil como um projeto solo (a noiva de Mason da época faz uma contribuição não-creditada como flautista). Apesar do álbum ter as gravações solo e ao vivo, era esperado originalmente que fosse uma mistura de vanguarda, de sons de instrumentos "achados". As conseqüentes dificuldades de gravação e falta de organização em grupo levou ao fechamento desse projeto. O título é uma gíria sexual de Cambridge e reflete a atitude da banda naquela época. A banda foi amplamente experimental no álbum de estúdio, que contém a composição puramente folk de Waters "Grantchester Meadows", uma peça de piano dissonante, "Sysyphus", uma composição com uma textura mais progressiva, "The Narrow Way", e um grande solo de percussão, "The Grand Vizier's Garden Party". "Several Species of Small Furry Animals Gathered Together in a Cave and Grooving with a Pict" é uma canção de 5 minutos, composta inteiramente pela voz de Roger Waters tocada em diferentes velocidades, resultando em barulhos que lembram roedores e pássaros. Grande parte do álbum de estúdio já era tocado ao vivo no concerto conceitual "The Man & The Journey". O álbum ao vivo apresenta aclamadas performances de algumas das mais populares canções da era psicodélica deles, fazendo com que o álbum fosse mais bem recebido pelos críticos do que os dois álbums anteriores. A obra foi o trabalho mais popular até essa época, alcançando 5º posição no Reino Unido e 74º lugar nos EUA.

Atom Heart Mother, de 1970, foi a primeira gravação da banda com uma orquestra, com colaboração do compositor de vanguarda Ron Geesin. Um lado do álbum consistia na faixa-título de quase 24 minutos de duração, uma longa suite de orquestração de rock. O segundo lado apresentava uma canção de cada membro da banda, até então vocalistas ("If", a canção folk-rock de Roger Waters; a levada de blues "Fat Old Sun" de David Gilmour; e a nostálgica "Summer '68", de Rick Wright). Outra faixa longa, a "Alan's Psychedelic Breakfast" foi uma colagem de som, de um homem cozinhando e comendo um café-da-manhã e seus pensamentos, ligados com instrumentais. O uso de barulhos, efeitos sonoros incidentais e samplers de voz seria, no futuro, uma parte importante do som da banda. "Atom Heart Mother" possui uma das mais enigmáticas capas de álbuns até hoje, estampando a "Lullubelle III", foto retirada no interior inglês. Este foi também o primeiro álbum da banda com grande propaganda. Apesar de "Atom Heart Mother" ter sido considerado um grande passo para trás pela banda na época, é até hoje considerado pelos fãs como um dos mais inacessíveis álbuns. Ele teve a melhor performance da banda nas paradas até então, alcançando o 1º lugar no Reino Unido e o 55º, nos EUA. Tem sido descrito tanto como "um monte de besteira" por Gilmour, quanto "jogue-o na gaveta e nunca mais o ouça" por Waters. O álbum foi um componente desta fase transitória do grupo, explorando diferentes territórios musicais. A popularidade do álbum permitiu que o Pink Floyd embarcasse em sua primeira turnê completa pelos EUA.

Antes do lançamento do seu próximo álbum original, a banda lançou uma coletânea chamada "Relics", que continha vários singles do começo da carreira e B-sides, além de uma canção original (estilo Jazz por Waters, "Biding My Time", parte do concerto "The Man/The Journey", gravada durante as sessões do 'Ummagumma). Eles também contribuíram para a trilha sonora do filme "Zabriskie Point", apesar de muitas contribuições deles terem sido descartadas pelo diretor Michelangelo Antonioni

Declínio de Barrett

Enquanto a banda se tornava mais popular, o stress da vida na estrada e o consumo relevante de drogas de Syd Barrett deteriorou sua saúde mental. O comportamento de Barrett foi se tornando cada vez mais imprevisível e estranho, fato atribuído ao constante uso de LSD. Conta-se que às vezes ele ficava encarando algum ponto, enquanto a banda tocava; durante algumas apresentações, ele somente tocaria um acorde o concerto inteiro, ou aleatoriamente desafinava sua guitarra.

Chegou um momento em que os outros membros da banda decidiram por simplesmente não levar mais Syd para os shows. Chamaram então o guitarrista David Gilmour, já conhecido de Barrett e Waters (e quem ensinou Syd a tocar guitarra) que se juntou à banda para ajudar Barrett com suas tarefas (apesar de Jeff Beck ter sido considerado). Inicialmente, esperava-se que Barrett fizesse composições enquanto Gilmour tocaria nos shows. Mas composições como "Have You Got It, Yet?", com progressões de acordes e melodias diferentes a cada take, fez com que o resto da banda desistisse dessa idéia. O último show da banda com Barrett foi em 20 de janeiro de 1968, em Hastings Pier, mas a saída de Barrett só foi formalizada em abril de 1968. Os produtores Jenner e King, decidiram continuar com Syd, o que pos fim à sociedade Blackhill Enterprises e fez a banda escolher Steve O'Rourke como empresário, que permaneceu com eles até sua morte em 2003.

Depois de gravar dois álbuns solos (The Madcap Laughs e Barrett) em 1970 (co-produzido por, e as vezes com participações de, Gilmour, Waters e Wright) com sucesso razoável, Barrett então foi para reclusão (idéia muitas vezes rebatida por sua família, que disse não ter sido exatamente assim). Novamente chamado pelo nome oficial, Roger Keith "Syd" Barrett, viveu uma vida pacata em sua cidade natal, Cambridge, até sua morte em 7 de Julho de 2006.

Pink Floyd


Pink Floyd foi uma banda de rock inglesa do século XX famosa pelas suas composições de rock clássico harmónico, pelo seu estilo progressivo e pelos espectáculos ao vivo extremamente elaborados. A origem do nome "Pink Floyd" deve-se à admiração do fundador Syd Barrett pela arte dos músicos Pink Anderson e Floyd Council, do blues.

É um dos grupos mais influentes na história do rock, além de um dos mais bem sucedidos, tendo vendido aproximadamente 300 milhões de cópias de seus álbuns.[1][2] A produção The Dark Side of the Moon manteve-se no Top 100 Billboard de vendas durante mais de uma década e continua a ser um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.

Liderada pelo lendário cantor e compositor Syd Barrett, o grupo tinha um modesto sucesso na segunda metade da década de 1960 produzindo rock psicodélico. Mas o comportamento errático de Barrett forçou seus colegas de banda a afastá-lo e substituí-lo pelo guitarrista e cantor David Gilmour.

Com a saída de cena de Barrett, o baixista e vocalista Roger Waters gradualmente tornou-se o líder e principal compositor do Pink Floyd. Esta fase foi marcada pela produção de álbuns conceituais como The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e The Wall (1979) --- álbuns que obtiveram êxito mundial, foram aclamados pela crítica especializada e figuraram em listas dos mais vendidos e populares em vários países.

Mas após o álbum, The Final Cut, (1983), o grupo separou-se. Em 1985, Waters declarou que o Pink Floyd estava extinto, mas os demais membros (agora liderados por Gilmour, mais o tecladista Rick Wright e o baterista Nick Mason), após briga judicial, retomaram a banda com o nome oficial e seguiram gravando e se apresentando - com grande sucesso comercial - e, finalmente, fecharam um acordo com Waters.

Em 2 de julho de 2005 e pela primeira vez em 24 anos, a formação mais clássica do Pink Floyd voltou a tocar, para a sua maior platéia, no concerto Live 8, em Londres (Reino Unido). (Em 15 de Setembro de 2008, o tecladista Richard Wright morreu, pondo um fim no sonho de um possível retorno dos Pink Floyd).

Em entrevista concedida ao jornal italiano La Repubblica[3] no dia 3 de fevereiro de 2006, Gilmour indicava o fim do Pink Floyd, declarando que o célebre grupo não produzirá qualquer novo material, tampouco voltará a se reunir novamente. Ainda assim, a possibilidade de se fazer uma apresentação similar ao Live 8 não foi descartada tanto por Gilmour ou Mason.

Pink Floyd

Era Syd Barrett (1964–1968)

O Pink Floyd evoluiu de uma banda de rock formada em 1964 que teve vários nomes - Sigma 6, The Meggadeaths, Tea Set e The Abdabs, The Screaming Abdabs, The Architectural Abdabs. Quando a banda se separou, alguns membros---os guitarristas Rado "Bob" Klose e Roger Waters, o baterista Nick Mason e o instrumentista de sopro, Rick Wright---formaram uma nova banda, chamada "Tea Set". Depois de um pequeno período com o vocalista Chris Dennis, o guitarrista e vocalista Syd Barrett se juntou a banda, com Waters mudando para o baixo.

Quando o Tea Set descobriu que outra banda tinha esse mesmo nome, Barrett deu a idéia de um nome alternativo, Pink Floyd Sound, em homenagem aos músicos de blues Pink Anderson e Floyd Council. Por um tempo a banda oscilou entre os dois nomes, até se decidirem pelo segundo. O "Sound" foi deixado de lado rapidamente, mas o "The" continuou sendo usado regularmente até 1968. Os primeiros lançamentos no Reino Unido da banda, durante a era do Syd Barrett, vinham creditados como The Pink Floyd, assim como em seus dois primeiros singles nos EUA. Sabe-se que David Gilmour tenha se referido ao grupo como The Pink Floyd até 1984.

Klose - que era bastante influenciado pelo jazz, saiu depois de ter gravado somente uma demo, deixando uma formação diferente com Barrett na guitarra e vocais principais, Waters no baixo e vocais de apoio, Mason na bateria e percussão, e Wright revezando nos teclados e vocais de apoio. Barrett logo começou a escrever suas próprias composições, influenciado pelo rock psicodélico Norte-americano e britânico (também pelo surf music), com extravagância e humor. O Pink Floyd se tornou favorito no movimento underground, tocando em casas como UFO Club, the Marquee Club e The Roundhouse. No fim de 1966, a banda foi convidada para contribuir com canções no documentário "Tonite Let's All Make Love in London", de Peter Whitehead. Eles foram filmados tocando duas faixas, ("Interstellar Overdrive" e "Nick's Boogie") em janeiro de 1967. Apesar que quase nenhuma dessas canções participaram do filme, elas acabaram sendo lançadas como "London 1966/1967" em 2005.

Como a popularidade da banda ia crescendo, os membros formaram a Blackhill Enterprises em outubro de 1966, uma sociedade a seis, com seus agentes Peter Jenner e Andrew King, lançando os singles, "Arnold Layne", em março de 1967 e, "See Emily Play". em junho de 1967. "Arnold Layne" alcançou o número 20 das paradas britânicas, e "See Emily Play" alcançou número 6, o que garantiu à banda a primeira participação em cadeia nacional no programa de TV Top of the Pops em julho de 1967. Anteriormente, eles haviam aparecido tocando "Interstellar Overdrive" no UFO Club, em um curto documentário, "It's So Far Out It's Straight Down". Isso foi ao ar em março de 1967, mas apenas transmitido à região de Granada do Reino Unido.

Lançado em agosto de 1967, o primeiro álbum da banda, The Piper at the Gates of Dawn, é atualmente considerado um ótimo exemplo da música psicodélica britânica, e foi bem recebido pelo críticos da época. Atualmente, é visto como o melhor primeiro álbum por muitos críticos. As faixas, predominantemente escritas por Barrett, mostram letras poéticas e uma mistura eclética de música, desde a faixa de vanguarda com livre-forma, "Interstellar Overdrive", até canções "assobiavéis" como "The Scarecrow", inspirada nas Fenlands, uma região rural ao norte de Cambridge (cidade de Barrett, Waters e Gilmour). As letras eram inteiramentes surreais, às vezes fazendo referência ao folclore, como em "The Gnome". A canção refletia novas tecnologias de eletrônicos, com o uso constante de espaçamento no estéreo, edição de fita, efeitos de eco, e teclados. O álbum foi um hit no Reino Unido, onde alcançou a 6ª posição das paradas, mas não foi muito bem na América do Norte, alcançando a posição número 131 nas paradas dos EUA. Durante esse período, a banda excursionou com Jimi Hendrix, o que ajudou a aumentar sua popularidade. Um fato notável sobre o disco é que ele foi gravado simultaneamente ao aclamado Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band dos Beatles, no estúdio da Abbey Road, e os integrantes das bandas frequentemente se encontravam no corredor e conversavam sobre influencias musicais. Ambos álbuns são hoje citados como o início do rock progressivo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Closer Tradução Travis


Perto

Eu já tive o bastante desse alarde
Eu estou pensando nas palavras pra te dizer
Nós estamos discutindo coisas do passado
Terminar é tão maduro

E quando eu vejo você
Então eu sei
Tudo isso estará perto de mim
E quando eu preciso de você
Então eu sei... Você estará lá comigo
Eu nunca vou te deixar

Só preciso estar mais perto
Conte comigo agora
Conte comigo agora
Mais perto, mais perto
Conte comigo agora
Conte comigo agora

Continuar acordando sem você aqui
Cada dia, cada ano
Eu procuro a verdade
Nós nos separamos
Arruinando uma segunda chance

E quando eu vejo você
Então eu sei
Tudo isso estará perto de mim
E quando eu preciso de você
Então eu sei... Você estará lá comigo
Eu nunca vou te deixar

Só preciso estar mais perto
Conte comigo agora
Conte comigo agora
Mais perto, mais perto
Conte comigo agora
Conte comigo agora

Coldplay - The Scientist - Tradução


Vim pra lhe encontrar,
Dizer que sinto muito,
Você não sabe o quão amável você é

Tive que lhe achar,
Dizer que preciso de você,
Dizer que lhe deixei de lado

Conte-me seus segredos
Faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar pro começo

Correndo em círculos,
Surgindo as caudas,
Cabeças num separado silêncio

Ninguém disse que era fácil,
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos
Ninguém disse que era fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Oh, me leve de volta pro começo...

Eu só estava pensando
Em números e figuras,
Rejeitando seus quebra-cabeças

Questões da ciência,
Ciência e progresso
Não falam tão alto quanto o meu coração

Diga-me que me ama,
Volte e me assombre
Oh, e eu corro pro começo

Correndo em círculos,
Perseguindo nossas caudas
Voltemos como éramos

Ninguém disse que era fácil,
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos
Ninguém disse que era fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Oh, estou voltando pro começo...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Juras de Amor Por Jacqueline Pacheco


Meu amor, faço-te agora um juramento
Faço-te agora uma promessa:
Jamais deixarei de te amar

Eu te amarei amanhã
Passem dez, cem, mil anos...
A eternidade
Eu ainda estarei te amando

Quando não formos mais tão jovens
Quando não formos mais tão belos
Quando nossas pernas não suporatem mais caminhar
E nossos olhos já não virem mais a beleza de um dia de verão
Eu ainda estarei te amando

Um dia as idéias não farão mais sentido
As fotografias perderão a cor
A tinta da caneta desaparecerá do papel
O seu perfume sumirá do meu lenço
E a nossa música sairá de moda
Mas eu ainda estarei te amando

Mesmo que as manhãs não sejam as mesmas
Que as pessoas e os lugares tenham mudado
Você ainda estará viva em mim
E sua imagem em minha mente
E ainda que eu tenha que repetir seu nome
Todas as horas de todos os dias
Apenas para sentir você mais perto de mim
Eu ainda estarei te amando

Ainda que eu esqueça tudo
De onde vim, pra onde vou
O que fui e o que sou
Jamais esquecerei você
Jamais deixarei de te amar

Você ainda estará em meu coração
Tua vida, sempre ligada a minha
Passem dez, mil, cem anos...
A eternidade
Eu ainda estarei aqui
Eu ainda estarei te amando

romeu e julieta


Estas alegrias violentas tem fins violentos. Falecendo no triunfo,como fogo e polvora, que num beijo se consomem

Fala-me anjo de luz! é glorioso
À minha vista na janela à noite
Como divino alado mensageiro
Ao ebrioso olhar dos frouxos olhos
Do homem, que se ajoelha para vê-lo,
Quando resvala em preciosas nuvens,
Ou navega no seio do ar da noite.

Romeu

ROMEU - Amém, amém! Porém que venham quantas tristezas vierem, que apagar não podem a troca de
alegria que sua vista num minuto me dá. Basta que as mãos nos juntes com palavras consagradas; e que a
morte, depois, que o amor devora, faça o que bem quiser. A mim já chega poder chamar-lhe minha.


ROMEU — Que me prendam! Que me matem! Se assim o queres, estou de acordo. Digo que aquele acinzentado não é o raiar do dia; antes, é o pálido reflexo da lua. Digo que não é a cotovia que lança notas melodiosas para a abóbada do céu, tão acima de nossas cabeças. Tenho mais ânsia de ficar que vontade de partir. — Vem, morte, e seja bem-vinda! Julieta assim o quer. — Está bem assim, meu coração? Vamos conversar... posto que ainda não é dia!

William Shakespeare


SONETO LXXXVIII

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

SONETO CV
Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.

Se te censuram, não é teu defeito,
Porque a injúria os mais belos pretende;
Da graça o ornamento é vão, suspeito,
Corvo a sujar o céu que mais esplende.
Enquanto fores bom, a injúria prova
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o Verme na flor gozo renova,
E em ti irrompe a mais pura primavera.
Da infância os maus tempos pular soubeste,
Vencendo o assalto ou do assalto distante;
Mas não penses achar vantagem neste
Fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.

Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor

Lágrimas de sangue por Álvares de Azevedo


Ao pé das aras, ao clarão dos círios,
Eu te devera consagrar meus dias...
Perdão, meu Deus! perdão...
Se neguei meu Senhor nos meus delírios
E um canto de enganosas melodias
Levou meu coração!

Só tu, só tu podias o meu peito
Fartar de imenso amor e luz infinda
E uma saudade calma!
Ao sol de tua fé doirar meu leito
E de fulgores inundar ainda
A aurora na minh'alma.

P'ras esperanças suicidei-me rindo...
Sufocando-as sem dó...
No vale dos cadáveres sentei-me
E minhas flores semeei sorrindo
Dos túmulos no pó.

Indolente Vestal, deixei no templo
A pira se apagar! na noite escura
O meu gênio descreu...
Voltei-me para a vida... só contemplo
A cinza da ilusão que ali murmura:
Morre! — tudo morreu!

Cinzas, cinzas... Meu Deus! só tu podias
À alma que se perdeu bradar de novo:
— Ressurge-te ao amor!
Macilento, das minhas agonias
Eu deixaria as multidões do povo
Para amar o Senhor!

Do leito aonde o vício acalentou-me
O meu primeiro amor fugiu chorando...
Pobre virgem de Deus!
Um vendaval sem norte arrebatou-me,
Acordei-me na treva... profanando
Os puros sonhos meus!

Oh! se eu pudesse amar!... — É impossível!
Mão fatal escreveu na minha vida...
A dor me envelheceu...
O desespero pálido, impassível,
Agoirou minha aurora entristecida,
De meu astro descreu...

Oh! se eu pudesse amar! Mas não: agora
Que a dor emurcheceu meus breves dias,
Quero na cruz sanguenta
Derramá-los na lágrima que implora,
Que mendiga perdão pela agonia
Da noite lutulenta!

Quero na solidão... nas ermas grutas
A tua sombra procurar chorando
Com meu olhar incerto...
As pálpebras doridas nunca enxutas
Queimarei... teus fantasmas invocando
No vento do deserto.

De meus dias a lâmpada se apaga,
Roeram meu viver mortais venenos,
Curvo-me ao vento forte:
Teu fúnebre clarão que a noite alaga,
Como a estrela oriental, me guie ao menos
' Té ao vale da morte!

No mar dos vivos o cadáver bóia,
A lua é descorada como um crânio,
Este sol não reluz...
Quando na morte a pálpebra se engóia,
O anjo desperta em nós e subitânio
Voa ao mundo da luz!

Do val de Josafá pelas gargantas
Uiva na treva o temporal sem norte
E os fantasmas murmuram...
Irei deitar-me nessas trevas santas,
Banhar-me na friez lustral da morte,
Onde as almas se apuram!

Mordendo as clinas do corcel da sombra,
Sufocado, arquejante passarei
Na noite do infinito...
Ouvirei essa voz que a treva assombra,
Dos lábios de minh'alma entornarei
O meu cântico aflito!

Flores cheias de aroma e de alegria,
Por que na primavera abrir cheirosas
E orvalhar-vos abrindo?
As torrentes da morte vêm sombrias,
Hão de amanhã nas águas tenebrosas
Vos arrastar bramindo.

Morrer! morrer! — É voz das sepulturas!
Como a lua nas salas festivais
A morte em nós se estampa!
E os pobres sonhadores de venturas
Roxeiam amanhã nos funerais
E vão rolar na campa!

Que vale a glória, a saudação que enleva
Dos hinos triunfais na ardente nota
E as turbas devaneia?
Tudo isso é vão e cala-se na treva...
— Tudo é vão, como em lábios de idiota
Cantiga sem idéia.

Que importa? quando a morte se descarna,
A esperança do céu flutua e brilha
Do túmulo no leito:
O sepulcro é o ventre onde se encarna
Um verbo divinal que Deus perfilha
E abisma no seu peito!

Não chorem! que essa lágrima profunda
Ao cadáver sem luz não dá conforto...
Não o acorda um momento!
Quando a treva medonha o peito inunda,
Derrama-se nas pálpebras do morto
Luar de esquecimento!

Caminha no deserto a caravana,
Numa noite sem lua arqueja e chora...
O termo... é um sigilo!
O meu peito cansou da vida insana,
Da cruz à sombra, junto aos meus, agora,
Eu dormirei tranqüilo!

Dorme ali muito amor... muitas amantes,
Donzelas puras que eu sonhei chorando
E vi adormecer...
Ouço da terra cânticos cânticos errantes
E as almas saudosas suspirando
Que falam em morrer...

Aqui dormem sagradas esperanças,
Almas sublimes que o amor erguia...
E gelaram tão cedo!
Meu pobre sonhador! aí descansas,
Coração que a existência consumia
E roeu em segredo!

Álvares de Azevedo


Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.

Durante o curso de Direito, traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.

Ao contrário do que a maioria pensa, nunca teve tuberculose. O que deu fim real a sua vida foi um tumor na fossa ilíaca que piorou depois de sua queda de cavalo, aos 20 anos. A sua obra compreende: Poesias diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de Fra Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios (Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla), e a sua principal obra Lira dos vinte anos (inicialmente planejada para ser publicada num projeto - As Três Liras - em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães). É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.

Atualmente tem suscitado alguns estudos acadêmicos, dos quais sublinham-se "O Belo e o Disforme", de Cilaine Alves Cunha (EDUSP, 2000), e "Entusiasmo indianista e ironia byroniana" (Tese de Doutorado, USP, 2000); "O poeta leitor. Um estudo das epígrafes hugoanas em Álvares de Azevedo", de Maria C. R. Alves (Dissertação de Mestrado, USP, 1999).

Suas principais influências são: Lord Byron, François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.

Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão, diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica. É importante salientar o prefácio à segunda parte da Lira dos Vinte Anos, um dos pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua poética.

É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poemas Ideias íntimas, da segunda parte da Lira.

Segundo alguns pesquisadores, Álvares de Azevedo que teria escolhido o título "As Três Liras", pois havia uma garota - que até hoje ninguém sabe a identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro - que tocava esse instrumento.

Figura na antologia do cancioneiro nacional. E foi muito lido até as duas primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas encenações de seu drama Macário, foram em 1994 e 2001.

literatura gótica


Mesmo sendo caracterizada por valores individuais, a Cultura Obscura abriga diversas manifestações artísticas comuns a outras culturas. A Literatura é uma das expressões mais utilizadas. É através da composição poética, por exemplo, que se confrontam os temores e se revelam os mais profundos sentimentos e desejos da alma. É, também na literatura, que se encontra uma definição estética e ideológica sobre os vários aspectos que compõem a cultura obscura.

Mais precisamente, podemos citar o Romantismo como a principal referên- cia da Cultura Obscura. Surgido no final do século XVIII, como uma reação aos ideais Iluministas, o Romantismo traz como principais características a poten- cialização das emoções. Além do individualismo e subjetivismo desenvolvidos a partir da liberdade criativa. O Romantismo Literário, que evocava a Idade Média sob uma perspectiva idealizada e positivista em seus temas, é uma das bases da Literatura, quando relacionada à Cultura Obscura.

Já o autor inglês Horace Walpole abordou a Idade Média diferentemente da "idealização medieval positivista" de outros românticos. O fez sob uma perspectiva soturna, com ambientações em castelos e ruínas que atribuíam um clima de mistério e terror sobrenatural. Sua obra, O Castelo de Otranto, de 1764, é considerada a precursora do que viria a ser classificado como Gothic Novel. No Brasil, conhecido como Romance Gótico ou Literatura Gótica. Neste caso, o termo "Gothic" é aplicado como sinônimo de obscuro ou medieval.

No Brasil, o Romantismo iniciou-se "oficialmente" em 1836, com a obra de Gonçalves de Magalhães, Suspiros poéticos e saudades. Dentre as três gerações românticas brasileiras, o Ultra-romantismo é que tem maior expressividade na Cultura Obscura.

Influenciado diretamente pela Gothic Novel, o ultra-romantismo teve como principais características a evasão, tédio, morbidez, subjetivismo, saudosismo, predileção pelo noturno e a forma e composição livre dos versos. O escritor paulista Álvares de Azevedo, ávido leitor de Byron, surgiu como poeta e contista no ano de 1848 e é considerado um dos maiores autores ultra-românticos do país. Além dele, outros nomes como Casimiro de Abreu, Bernardo Guimarães, Junqueira Freire, entre outros, destacam-se como grandes expoentes do ultra-romantismo, que também ficou conhecido pejorativamente, como mal-do-século.

Autores como Ann Radcliffe, Allan Poe, Lord Byron, Lovecraft, Baudelaire e Álvares de Azevedo são amplamente consumidos entre os apreciadores da Cultura Obscura. Assim, mesmo havendo um conceito de que, geralmente, a Literatura Gótica é baseada na prosa, enquanto o ultra-romantismo está fundamentado na poesia, a cultura obscura é suficientemente ampla para abrigar ambos estilos de composição, e ainda absorver outros gêneros que possam refletir sua alma e personalidade.

Goticismo


"O sol está brilhando através das minhas mãos pode te queimar, pode te cegar quando foge dos punhos... Ele cai ardente em seu rosto ele cai dolorosamente em seu peito o equilíbrio é perdido... Ele te deixa ir duramente ao chão e o mundo conta alto até dez."

Goticismo é uma subcultura, estilo e maneira de pensar. Isso parece bem pretensioso, mas é outra faceta do Goticismo. Umas das principais coisas da cultura gótica é a apreciação pela dicotomia da vida, o contraste entre a luz e o escuro, o bem e o mal, coisas das quais uma não poderia existir sem a outra, e os valores tradicionais de julgamento ligados a estes opostos não são necessariamente verdadeiros.
Os Góticos tem uma tendência de ter um senso de humor perverso e negro, um amor à história, literatura e musica. Tentar colocar os góticos em "tipos de pessoas" seria impossível. Os interesses, estilos e suas atividades são as mais diversas possíveis. As vezes, as roupas podem ser uma dica, mas não sempre. Apenas procure por algum sinal de escuridão - este é o fator mais confiável.
A subcultura gótica frequentemente envolve a cena musical, mas pessoas leigas os confudem com punks (pode acreditar). Muitas bandas góticas clássicas, como Siouxsie and the Banshees e Damned foram originalmente consideradas punks. A música não é a única arte dos góticos. Todos os tipos de manifestação artística por parte de góticos é sempre bem vinda e encorajada.
Muito da cultura gótica é superficial, artificial e pretensioso, e isso não é ajudado pelo fato de muitas pessoas que se consideram "góticos de verdade" repudiam os que eles consideram "posers". Alguns dos jovens que agora se consideram "góticos" sair do Goticismo e ir para outras coisas. Outros não. Outros ainda continuarão, mas se sentindo estranhos na cultura "normal", e irão se redescobrir quando encontrarem algo que os lembre da cultura e do pensamento gótico.
Mas também existe uma grande parte desta cultura que é rica e pensadora. Os góticos lêem coisas como Dante, Byron, e Tolstoy - não porque eles "devem" ler, mas porque eles querem ler. Também costumam assistir filmes mudos de expressionistas alemães e relatar detalhes como outras pessoas poderiam falar dos filmes de Hollywood. Os góticos normalmente tem discussões espirituosas sobre a evolução da religião e seu lugar na sociedade moderna.
Ser gótico é, no fim, uma forma de tribalismo, uma maneira de pessoas que tem interesses parecidos se encontrarem e terem um lugar a qual pertencer. Como a maioria das tribos, os góticos sempre tentam manter fora quem não faz parte desta tribo (os muito pretensiosos e os posers). Mas também pode ser uma tribo muito boa e confortável para aqueles que se encaixam, e cheia de paciência e entusiasmo para aguentar as pessoas que tentam descobrir o que os góticos querem. Os góticos irão continuar mantendo fora os que não pertencem a seu meio, e aqueles que estão interessados em os explorar por causa do visual diferente e por terem interesses fora do padrão adotado pela sociedade mas eles também tentarão se proteger. Para alguém que não acha que eles se encaixam no padrão adotado pela sociedade, conhecer mais sobre o Goticismo pode ser muito prazeroso.
Os góticos não são muito diferentes de qualquer outra subcultura
Os góticos tem um visual diferente. Eles gostam de coisas que a maioria das pessoas acham questionáveis, desprezíveis ou até complicadas. Eles não se encaixam como pessoas "normais", como eles mesmos dizem. Consequentemente, várias coisas são ditas e estereótipos são criados sobre góticos, os quais na maioria são falsos.
nao são todos satanistas.
Não pensam que são vampiros.
Não são perigosos ou violentos.
Não são obcecados pela morte e por matar.
Os góticos tem empregos ou vão a escola, pagam impostos, criam famílias, possuem carros e casas, e são tão produtivos quanto qualquer outra pessoa, se não forem mais.
Todos tem tendência a algum tipo de arte, mas nem todos são músicos, pintores pretensiosos ou artistas de histórias em quadrinhos assustadoras. Alguns fazem isso, claro, mas outros costuram, fazem jóias, escrevem de novelas a resumos, cozinham, esculpem, tiram fotos, fazem jardinagem, dançam, fazem filmes, fazem jogos, ou ainda escolhe entre centenas de coisas criativas para se fazer.
Não estão interessados em aterrorizar pessoas (na maioria do tempo), roubar seu dinheiro, corromper suas crianças, ou fazer qualquer outra coisa além de viver da maneira que escolheu.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Definições


Gótico (do latim medieval gotticu) é o adjetivo que designa o que é proveniente, relativo, criado ou usado pelos Godos, assim denominado o povo da respectiva tribo germânica. v.g. idioma gótico = germânico , alfabeto gótico ou letra gótica.

Além de seu significado original, o vocábulo ganhou modernamente a conotação de "duro, bárbaro". A palavra gótico tem sido usada desde o século XVIII para se referir a coisas diferentes, distintas.

Gótico pode ser:

Gótico - uma língua germânica;
Estilo gótico - Um estilo artístico do norte, que floresceu na Europa do século XV, e que se caracteriza por elementos decorativos lanceolados lembrando chamas. (O desenho foi retomado na arte contemporânea sob o nome neogótico);
Literatura gótica - Um gênero literário britânico do fim do século XVIII e início do século XIX, trazido de volta pelos vitorianos cem anos depois;
Gótico (estilo de vida) No século XX a palavra foi trazida ao uso para um certo estilo de vida, música (Música gótica) e moda;
Uma variante do xadrez (Xadrez Gótico);
Tipo de fonte tipográfica (sans-serif);
Gothic (jogo de computador) - Um jogo para computador;
Gothic, um álbum lançado pela banda de heavy metal Paradise Lost em 1992;
Gothic Lolita estilo de vestuário baseado na subcultura gótica;

gotico

Tristania - A Sequel Of Decay (tradução)
by Tristania


Em meio à decadência eu tomo-te pela mão
és muito fraco... para merecer a Terra Prometida
és muito fraco... para amenizarmos sua dor
és muito fraco... uma série de decadências

Talvez os milênios reúnam tudo isso
numa imagem de almas desoladas
que estão longe, entre nós, morrendo, feridas
Só então eu comecei a raciocinar
Nas horas em que um grande desapontamento
caiu sobre ti... Decadência

Um anjo perdido bateu à minha porta,
tão frágil e desconsolado,
para lamentar seus dias de outrora
minha decadência vem chegando

Sua chaga e lágrimas caem sobre meu chão
(Veja) a dor que ela causa
Devota de uma vida adiante de sua época
em meio à decadência ela chega

Talvez tua alma esteja em um mar de esmeraldas
esperando solitária
Achaste que tua dor se acalmara,
a vida se parece um frágil santuário

Gótico


Ao longo dos anos, o termo gótico foi usado como adjetivo e classificação de várias expressões artísticas, estéticas e comportamentais. Mas, em sua maioria, estas classificações não possuem nenhuma relação com o significado primitivo da palavra.

O termo Gótico, que originalmente significa apenas relativo a Godos ou proveniente deles, foi usado a partir do início da Renascença, para designar de forma depreciativa a produção cultural ocorrida entre os séculos XII e XV e posteriormente de toda Idade Média, a qual foi associado o conceito de Idade das Trevas, em oposição à nova Idade da Razão ou da Luz: o Iluminismo (XVII e XVIII). Mas nos séculos XVIII e XIX, por exemplo, gótico foi associado ao período medieval e aplicado à Literatura. Além disso, o termo Goticismo tem origem inglesa, Gothicism, e relaciona-se apenas à Literatura.

Em 1979 o termo gótico já foi utilizado para designar o movimento sócio-cultural que se constituía e se consolidaria poucos anos depois. Mas, a subcultura gótica/darkwave não possui nenhuma relação com os Godos, como a própria "arte gótica" (entre os séculos XII e XV) não possui. Portanto, em uma de suas primeiras aplicações, a palavra Gótico já foi usada com um sentido que não corresponde ao original, e torna-se nítida a diversidade de significados que esta palavra traz em si.

A subcultura Gótica/Darkwave

A subcultura gótica (relacionada a Darkwave a ponto de ser assim chamada por alguns) como conhecemos atualmente, é um contexto artístico e comportamental que inclui literatura, música, cinema, artes plásticas e vestuário (entre outros), de forma que um elemento enriqueça o outro e multiplique-se.

Pode-se dizer que sua origem ocorreu nos primeiros anos da década de 1980, mas suas influências iniciam-se no Romantismo do século XIX e passam pelo Modernismo, com o Impressionismo, Expressionismo e Surrealismo e Cabaret Culture, do século seguinte. Porém, a Geração Beatnick, inspirada na boêmia moderna, filosófica e artística francesa a partir de 1950 e posteriormente pelos escritores Beats dos Estados Unidos, é a influência mais recente e significativa da subcultura gótica/darkwave.

No final da década de 60, os beatnicks se diluíram e formaram ramificações como o movimento Punk e Glam da década de 70. A música de artistas como David Bowie e Velvet Underground, referências do Glam e do Punk, trouxeram vários elementos da cultura beatnick, como a prosa e a poesia. Dessa forma, o Glam e o Punk foram influenciados pela Cultura Beatnick, mas também foram determinantes nas características da subcultura gótica.

Mas todas essas tendências que influenciaram e compuseram a subcultura gótica, desde o Romantismo até as mais recentes, são apropriações e releituras através de abordagens distintas, muitas vezes, de forma alegórica e metafórica. As transições entre uma e outra, ocorrem sem rompimentos bruscos, de forma que as tendências posteriores resgatam elementos primitivos e somam-se aos seguintes.

É importante salientar que os fatores que definem uma corrente artística, filosófica ou apenas comportamental, não são apenas os temas adotados, mas principalmente a abordagem, ou a forma como os temas são trabalhados e expostos.

A obra do escritor alemão Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther, publicada em 1774 foi uma das precursoras do romantismo. Este livro trazia intensidade emotiva sob a liberdade criativa do autor, além de outros aspectos fundamentais do romantismo.

Além disso, uma das principais características do Romantismo Literário era a evocação à Idade Média em seus temas. Neste caso, o autor almejava uma idealização que não correspondia à sociedade ou ao período em que vivia realmente. Esta característica é conhecida como "Espírito de evasão". Porém, esta referência medieval do romantismo era sob uma perspectiva idealizada. Isto é, buscava resgatar valores como honra e valentia que, na visão do escritor, eram comuns no período medieval, mas que não necessariamente existiram.

Horace Walpole (O Castelo de Otranto - 1765) também abordou a Idade Média, mas diferentemente da "idealização positiva" de outros românticos, o fez através de uma visão soturna de cenários decadentes (como castelos em ruínas) que impunham um clima de mistério e terror sobrenatural ao leitor. Foi este conceito de terror e sobrenatural, entre outros elementos usados, que passou a ser classificado como Gothic Novel. Neste caso, o termo Gothic é aplicado como sinônimo de obscuro ou medieval. Ainda, Literary Gothicism, que no Brasil seria conhecido como Romance Gótico ou Literatura Gótica, teria grande influência no ultra-romantismo brasileiro. Os termos Gothicism ou Goticismo devem ser associados apenas à Literatura.

Nas últimas décadas do século XVIII emergiram escritores como Ann Radcliffe, autora de Os Mistérios de Udolpho e a poesia de William Blake com Canções da Experiência e da Inocência (ambos em 1794), além de Frankenstein, de Mary Shelley, já no início do século XIX. Até as décadas de 30 e 40, o romantismo ainda figura como a principal orientação da produção artística. Essa tendência romântica atinge também a moda, hábitos e costumes da sociedade. Na França, por exemplo, há um resgate de elementos do vestuário, linguagem e costumes do período anterior à Revolução. Na Inglaterra, o Literary Gothicism ressurge na era vitoriana, entre a burguesia.

Ainda na primeira metade do século, tem início o Romantismo brasileiro. A obra Suspiros Poéticos e Saudades (1836) de Gonçalves de Magalhães é considerada a precursora desse estilo literário no Brasil. O Romantismo no Brasil estende-se "oficialmente" até 1880 e divide-se em três gerações: Nacionalista, Ultra-romântica e Condoreira.

Na segunda metade do século XIX surgiram outros movimentos que influenciaram várias expressões artísticas. O Esteticismo com o conceito de auto-suficiência da arte (arte pela arte), sem que esta sofresse interferência de outros valores, como sociais, religiosos ou políticos. O parnasianismo, essencialmente literário, que reagia aos excessos românticos e negava o subjetivismo, baseando-se no domínio da razão e nos ideais voltados para o belo. Também em reação aos excessos do Romantismo, surge o Realismo e o Naturalismo. No Brasil temos uma transição gradual, com autores como Machado de Assis, autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e inúmeros outros clássicos reconhecidos internacionalmente.

Análise do livro "Dom Casmurro"


Bento era um homem corroído pelas lembranças de sua vida. Com isso começa a relembrar de fatos que marcaram sua vida. Com apenas quinze anos, vê-se na iminência de ir para o seminário, fruto de uma promessa que sua mãe fizera caso ele nascesse. Porém Bentinho tinha certeza que não tinha vocação para ser padre. Além disso gostava muito de uma vizinha, Capitu, de quatorze anos, que passou a infância toda com ele. Os dois eram muito amigos e Bentinho gostava muito de ficar ao seu lado. Capitu amava Bentinho, mas o garoto era tão desligado que nunca percebera isso. Deu-se conta de seu amor ao ouvir uma conversa e após teve a confirmação final ao receber o seu primeiro beijo.

Agora as coisas realmente se complicavam. Bentinho queria ficar, mas se ele se recusasse a ir ao seminário, sua mãe poderia entrar em desespero. Nunca quisera fazê-la sofrer. Capitu também desejava ficar ao seu lado. Bento era submisso e nunca ousaria desobedecer uma ordem de sua mãe, mas Capitu, que era inteligente, arisca e astuta tramou um plano, no qual Bento persuadiria José Dias para estudar na Europa. Dessa maneira, esse velho criado convenceria sua mãe para esquecer a idéia do seminário. Bento devaneava; sonhava que o imperador pediria à sua mãe que o livrasse do seminário, ou até o papa lhe enviaria uma carta, desobrigando o garoto da tarefa. Enquanto isso Capitu analisava a situação, aproximava-se da mãe de Bento, curiosa por tudo.

A ordenação do padre local a um cargo mais alto na Igreja acendia n mãe de Bento ver seu filho padre, remando no sentido oposto aos esforços do casal. Capitu e Bento juraram que iriam se casar, não importando o que acontecesse. Como a ida para o seminário era certa, para lá foi Bentinho. Não era de todo mal, já que lá ele conhecera o seu melhor amigo, Escobar. Nas idas para casa, nos fins de semana, José Dias cobrava a viagem à Europa. No seminário, Bento e Escobar davam-se muito bem, trocando até segredos e visitas a sua casa, nos dias de folga. Veio então o remendo para a promessa da mãe de Bento: dar ao seminário um filho que não seja Bentinho. Pode ser um adotado às pressas. E assim Bentinho saiu do seminário. Saindo do seminário, Bento foi estudar Direito, Formou-se a casou-se com Capitu, assim como havia prometido. Continuou grande amigo de Escobar, agora bem sucedido comerciante. Bento era feliz, mas lhe faltava algo, um filho, que demorou mais veio: Ezequiel. Partimos agora para o clímax da história: anos depois, uma tragédia: a morte de seu grande amigo Escobar. No enterro, Bento viu algo que lhe deixou estarrecido: o olhar de Capitu ao caixão. Será que ela gostava de Escobar?

Bento começou a notar que seu filho Ezequiel era a cara de Escobar. E a medida que crescia, a semelhança aumentava. Bento começou a endurecer, tentara se matar e matar a criança. Mas teve outra solução. A história tem seu desenlace: Bento manda esposa e filho para a Europa. Comunicava-se apenas através de cartas secas, sem sentimentos. Ao cabo de alguns anos Capitu morre e Ezequiel vem ao Brasil. Já moço é o perfeito Escobar, apenas algumas diferenças. O moço vai ao Egito com amigos e morre de febre. Finda-se a saga. O senhor Bento, velho, chato, ou seja, casmurro.

A história narrada no livro ocorre a partir do ano de 1857 quando o personagem principal, Bentinho, tem 15 anos. Na verdade a história, de certo modo, são as suas memórias, já que, depois de adulto, ele conta a história de sua vida. Assim, para manter o romance mais próximo da realidade, Machado de Assis faz com que Bentinho, no decorrer da narrativa, lembre de pequenas histórias paralelas, quebrando o ritmo, dando um aspecto quebradiço a obra. Isso é muito comum quando contamos uma história a alguém, pois um fato nos faz lembrar de outro, que nos faz lembrar de outro, e assim por diante. É mais ou menos isso que ocorre com Bentinho. Ele vai ziguezagueando pelo tempo, alternando momentos de total linearidade com grandes saltos temporais, tanto para o passado quanto para o futuro. Essa é uma característica marcante dos romances de Machado de Assis, e é encontrada também em outros livros. Assim podemos concluir que em certas partes da narrativa o tempo é cronológico, como quando é as datas são precisamente informadas, e em outras partes ele é psicológico, variando com o pensamento do narrador.

A história se passa na cidade do Rio de Janeiro, e a casa onde Bentinho morava encontrava-se na Rua de Matacavalos. Vemos aí mais uma característica realista, em que o narrador informa com total precisão onde se passa a história, e até o nome da rua é dito ao leitor. As ambientações ocorrem tanto externa como internamente, e não é muito utilizada a exploração de paisagem, já que não há uma descrição detalhada dos ambientes. Um dos poucos ambientes mais bem descritos é a casa de Bentinho quando criança, que ele posteriormente reproduziria noutra casa, onde vivia depois dos fatos narrados no livro.

São muitos os personagens que passam pela vida de Bentinho, porém os mais importantes são: Capitu, a namorada de infância que posteriormente se tornaria sua mulher; Escobar, seu melhor amigo desde sua passagem pelo seminário até se tornar adulto; D. Maria da Glória, sua mãe, viúva; Tio Cosme, irmão de sua mãe; sua prima Justina; José Dias, o agregado da família desde a época que o pai de Bentinho era vivo; Sancha, amiga de Capitu que se tornaria mulher de Escobar. Posteriormente, há o aparecimento de Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho. Dos personagens citados, além de Bentinho, podemos destacar três: Capitu, Escobar e Ezequiel.

Bentinho era um menino inseguro, mas feliz e que descobriu o amor rapidamente na adolescência e casou-se com Capitu, sua primeira namorada. Porém com os acontecimentos decorridos na sua vida, foi se tornando uma pessoa triste, amarga e fechada. Daí o apelido, Dom Casmurro, conseguido na época em que escrevia o livro. Já Capitu é uma das grandes incógnitas da literatura brasileira. Seus "olhos oblíquos e dissimulados" assim descritos pelo agregado José Dias, até hoje intrigam os leitores do romance de Machado de Assis. O que com certeza podemos saber é que ela era uma garota esperta e perspicaz, que nunca deixava passar nenhum detalhe, ao contrário de seu marido. Escobar era o melhor amigo de Bentinho, desde a época em que eles se conheceram no seminário. Era um bom rapaz, honesto, e que rapidamente conquistou a simpatia da família de Bentinho. Depois de adultos, continuaram amigos, assim como suas esposas. Acabou morrendo tragicamente afogado no mar. Ezequiel era o filho que Capitu e Bentinho. Ou talvez não. Na verdade esse é mais um dos mistérios que envolvem Dom Casmurro. Ezequiel sempre fora amado por seus pais, até que foi crescendo e Bentinho começou a reparar uma grande semelhança física entre ele e seu amigo, Escobar. Quanto mais ele crescia mais ficava parecido com o falecido. E isso foi o divisor de águas da história, e que acarretou na separação de Bentinho e Capitu. Depois de homem feito, Ezequiel retornou um dia para uma visita a Bentinho e este, ao invés do filho, via a imagem de Escobar.

Assim, analisando os personagens mais importantes do romance, percebemos que há uma grande análise psicológica de cada um deles, principalmente de Bentinho e daqueles que mais exercem influência sobre ele. Podemos notar que Machado dá uma grande ênfase aos olhos, como sendo o espelho da alma. Este é o porquê da definição de José Dias sobre Capitu.

Voltemo-nos agora ao foco narrativo da história. Como já foi dito, a história é narrada por Bentinho, que é o personagem principal do livro. Assim a narração é feita em primeira pessoa. Essa é uma característica marcante do romance, já que são as transições ocorridas na mente de Bentinho ao contar a história que dão um toque especial à obra. Bentinho acaba tendo uma conversa franca com o leitor, e se intromete em vários pontos da história para emitir sua opinião ou fazer uma observação. Além disso, ele deixa claro como ele se sente em cada momento. Suas alegrias, suas diversões, seus medos, suas angústias, tudo isso é transmitido ao leitor a cada passagem do livro. Além disso, ele não tem certeza de tudo o que ocorre ao seu redor, muita coisa é deixada no ar, propositadamente subtendidas. As emoções que ocorrem com outros personagens muitas vezes são um mistério e acabam passando desapercebidas. Dessa maneira não existe onisciência narrativa.

Analisando agora a linguagem, percebemos que há a predominância do diálogo direto, ou seja, as conversas entre os personagens são reproduzidas exatamente como teriam acontecido. Não há a presença marcante da descrição, apenas alguns lugares recebem uma atenção maior, como a casa de Bentinho e o seminário. E, como não poderia faltar, há a crítica social, característica do realismo e de Machado de Assis. Essas críticas não são feitas diretamente pelo narrador, no caso Bentinho. Elas estão camufladas dentro da história. Poderíamos citar como exemplo a influência que a Igreja Católica exercia nas pessoas da época, que acabavam fazendo promessas que não poderiam cumprir ou utilizavam orações como moeda, fazendo pechinchas com Deus, o que em certa parte da história ocorre com Bentinho.

Também existem os fatos que cercam Capitu, que durante sua infância mostra ser visivelmente mais pobre que Bentinho. Será que sua luta por não deixar Bentinho era por amor ou por dinheiro? Capitu traiu Bento, ou ele fantasiara tudo isso em sua crise de ciúme? Estas e as outras perguntas não são resolvidas no fim da história e muitas vezes causam polêmica até hoje.

Dom Casmurro é bastante verossímil, já que apresenta a sociedade brasileira do século XIX e seus costumes. Mostra o amor, através dos olhos de um adolescente, mostra o jogo de interesses no cumprimento de promessas, os interesses sociais que cercam a vida eclesiástica. Dom Casmurro, um excelente livro, elegante e ao mesmo tempo de prazerosa leitura, que nos envolve do começo ao fim, incumbindo o leitor de tirar suas próprias conclusões, no melhor estilo machadiano.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Dom Casmurro


Dom Casmurro foi publicado em 1900 e é um dos romance mais conhecidos de Machado. Narra em primeira pessoa a estória de Bentinho que, por circunstância várias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom Casmurro. Sua estória é a seguinte: Órfão de pai, criado com desvelo pela mãe (D. Glória), protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar (tia Justina, tio Cosme, José Dias), Bentinho é destinado à vida sacerdotal, em cumprimento a uma antiga promessa de sua mãe.

A vida do seminário, no entanto, não o atrai, já o namoro com Capitu, filha dos vizinhos. Apesar de comprometido pela promessa, também D. Glóri a sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias, o agregado da família, Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo.

Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, Bentinho se forma em Direito e estreita a sua amizade com um ex-colega de seminário, Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu.

Do casamento de Bentinho e Capitu nasce Ezequiel. Escobar morre e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma qual Capitu contempla o cadáver. A partir daí, os ciúmes vão aumentando e precipita-se a crise. Á medida que cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguido pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação do casal.

Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Ezequiel, já mocó, volta ao Brasil para visitar o pai, que apenas constata a semelhança entre e antigo colega de seminário. Ezequiel volta a viajar e morre no estrangeiro. Bentinho, cada vez mais fechado em usas dúvidas, passa a ser chamado de casmurro pelos amigos e vizinhos e põe-se a escrever de sua vida (o romance).

Machado de Assis


Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis.

De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.

Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.

Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.

Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.

Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.

Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.

Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.

Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.

Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.

Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.

Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.

No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.

Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.

Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.

Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de gabinete.

Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.

Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).

Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889.

Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.

É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.

Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."

sábado, 19 de dezembro de 2009


Mesmo não querendo pensar em você era quase impossivel n sentir sua presença, eu queria te esquecer, porque você é tao perfeito, se não fosse feria mais facil, eu queria que as minhas lagrimas parassem de rolar sobre o meu rosto e que eu te esquecesse por ao menos um instante,para meu coração sofrer menos.
Eu te vejo no sol de cada dia
que entre as brancas nuvens
vem sempre me trazer calor.
Eu te vejo na prata da lua,
que rodeada de estrelas brilha,
e me ensaia um sorriso.
Eu te vejo no manto azul do mar,
que em suas profundezas e mistérios,
parece sempre querer me abraçar.
Eu te vejo no pássaro que canta,
e com sua doce melodia,
rouba meu coração.
Mesmo eu lutando pra não pensar nele, eu não lutava pra esquecê-lo. Eu tiive medo que - tarde da noite, quando a exaustão pela falta de sono quebrasse minhas defesas - que eu acabasse me dando por vencida. Eu tive medo que minha mente fosse como uma peneira, e que algum diia eu não lembrasse mais a cor exata dos seus olhos, a sensação do toque da pele friia dele, ou da textura da voz dele. Eu podia não pensar nisso, mas eu precisava me lembrar disso. Porque só havia uma coisa na qual eu precisava acrediitar pra ser capaz de viver - eu preciisava saber que ele existia. Isso era tudo. Tudo mais podia ser suportado. Contanto que ele existisse . . .

Entre os becos dessa rua


Entre os becos dessa rua
Meu coração clama por amor
Minhas lembranças de algo que não aconteceu,
Velam comigo essa dor,
essa dor que toda noite tende em voltar,
uma dor que até mesmo meu coração nã consegue suportar,
nos meus olhos saem lagrimas, estas de esperança de um dia te encontrar,
meu coraçao nao conseguiu se recuperar de tantas vezes se despedaçar e chorar por ti.
O acadêmico Reginaldo Miranda foi eleito hoje presidente da Academia Piauiense de Letras, em substituição ao acadêmico Manfredi Mendes Cerqueira, sendo que ele recebeu vinte um votos e o acadêmico Herculano Morais quinze votos.

Teus olhos

Florbela Espanca

Olhos do meu Amor. Infantes loiros
Que trazem os meus presos, endoidados
Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:
Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Neles ficaram meus palácios moiros,
Meus carros de combate, destroçados,
Os meus diamantes, todos os meus oiros
Que trouxe d'Além-Mundos ignorados.

Olhos do meu Amor! Fontes. cisternas.
Enigmáticas campas medievais
Jardins de Espanha, catedrais eternas

Berço vindo do Céu à minha porta
Ó meu leito de núpcias irreais
Meu sumptuoso túmulo de morta


Lágrimas ocultas

Florbela Espanca

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida.

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida

E fico, pensativa, olhando o vago.
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim.

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma
Ninguém as vê cair dentro de mim


Se tu viesses ver-me.

Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços.

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca. o eco dos teus passos.
O teu riso de fonte. os teus abraços.
Os teus beijos. a tua mão na minha.

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca.
Quando os olhos se me cerram de desejo.
E os meus braços se estendem para ti.

Inspiração para corações apaixonados


Florbela Espanca

Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto.

Não ser

Ah, arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência.
Ah, poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas.

Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver.


Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?

Em ti o meu olhar fez-se alvorada,
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura do linho

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou.
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência
Que é já vontade doida de gritar.

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar.

Amor que morre

O nosso amor morreu.Quem o diria.
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia.

Bem estava a sentir que ele morria.
E outro clarão, ao longe, já desponta
Um engano que morre e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia.

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir.

Florbela Espanca


Languidez

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
...

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»

Os versos que te fiz

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Florbela Espanca

Poetisa portuguesa, natural de Vila Viçosa (Alentejo). Nasceu filha ilegítima de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, criada de servir (como se dizia na época), que morreu com apenas 36 anos, «de uma doença que ninguém entendeu», mas que veio designada na certidão de óbito como nevrose. Registada como filha de pai incógnito, foi todavia educada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca, em Vila Viçosa, tal como seu irmão de sangue, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registado da mesma maneira. Note-se como curiosidade que o pai, que sempre a acompanhou, só 19 anos após a morte da poetisa, por altura da inauguração do seu busto, em Évora, e por insistência de um grupo de florbelianos, a perfilhou.
Estudou no liceu de Évora, mas só depois do seu casamento (1913) com Alberto Moutinho concluiu, em 1917, a secção de Letras do Curso dos Liceus. Em Outubro desse mesmo ano matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que passou a frequentar. Na capital, contactou com outros poetas da época e com o grupo de mulheres escritoras que então procurava impor-se. Colaborou em jornais e revistas, entre os quais o Portugal Feminino. Em 1919, quando frequentava o terceiro ano de Direito, publicou a sua primeira obra poética, Livro de Mágoas. Em 1921, divorciou-se de Alberto Moutinho, de quem vivia separada havia alguns anos, e voltou a casar, no Porto, com o oficial de artilharia António Guimarães. Nesse ano também o seu pai se divorciou, para casar, no ano seguinte, com Henriqueta Almeida. Em 1923, publicou o Livro de Sóror Saudade. Em 1925, Florbela casou-se, pela terceira vez, com o médico Mário Laje, em Matosinhos.
Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas, em geral, e a morte do irmão, Apeles Espanca (a quem Florbela estava ligada por fortes laços afectivos), num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra. Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde, sobretudo de ordem psicológica, Florbela morreu em Matosinhos, tendo sido apresentada como causa da morte, oficialmente, um «edema pulmonar».
Postumamente foram publicadas as obras Charneca em Flor (1930), Cartas de Florbela Espanca, por Guido Battelli (1930), Juvenília (1930), As Marcas do Destino (1931, contos), Cartas de Florbela Espanca, por Azinhal Botelho e José Emídio Amaro (1949) e Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título, com prefácio de Natália Correia (1981). O livro de contos Dominó Preto ou Dominó Negro, várias vezes anunciado (1931, 1967), seria publicado em 1982.
A poesia de Florbela caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito. A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico. Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza.
Florbela Espanca não se ligou claramente a qualquer movimento literário. Está mais perto do neo-romantismo e de certos poetas de fim-de-século, portugueses e estrangeiros, que da revolução dos modernistas, a que foi alheia. Pelo carácter confessional, sentimental, da sua poesia, segue a linha de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, é, sobretudo, influência de Antero de Quental e, mais longinquamente, de Camões.
Poetisa de excessos, cultivou exacerbadamente a paixão, com voz marcadamente feminina (em que alguns críticos encontram dom-joanismo no feminino). A sua poesia, mesmo pecando por vezes por algum convencionalismo, tem suscitado interesse contínuo de leitores e investigadores. É tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Era uma vez...


Bem como posso começar meu blog, é um pouco estranho para mim, mas vamos lá, gostaria de dizer aos meus leitores que escreverei o que penso, o que sinto e o que vejo, pois gosto de ver a vida e as pessoas com sinceridade.